segunda-feira, março 31, 2008

Os perigos do internetês

"Quem usa internetês, jamais terá capacidade para construir um discurso complexo"
Alê Carvalho – membro de uma comunidade do Orkut.

Oieee! Kiria fala q vc eh legaw soh ki to chatiadu neh...pq vc naum xego na hr q eu t flei?!
Peço que não estranhe a frase inicial deste meu novo artigo. Sim, eu ainda uso o corretor do Word, além de me esforçar por usar algumas regras básicas da língua portuguesa. Não, também não sou adepta de rotulações e críticas com relação a quem não faz uso das chamadas normas cultas do português.
Acontece que precisamos analisar o quanto está sendo positivo para os jovens a utilização cada vez mais abrangente do “internetês”.Tente copiar e colar a primeira frase em um novo documento de seu computador e analise quantos sublinhados em vermelho irão aparecer. Ótimo. Seu computador acaba de lhe avisar que é bem provável que as pessoas que estarão lendo esta frase, não conseguirão compreender tais palavras.
Não é à toa que existem normas e regras. Elas estão aí para que TODOS possam se beneficiar no entendimento mútuo. São as bases da comunicação bem sucedida.
Devemos levar em conta que, ao estudarmos comunicação e expressão, na atualidade, aprendemos que devemos respeitar o tipo de cultura e a região onde estão inseridos os falantes e escritores. Sem dúvida! Bem por este motivo declaro que este artigo não tem a mínima intenção de afirmar "nós" escrevemos certo, e eles, "errado".
Compreendo que aquele que não teve condições de aprender língua portuguesa na escola fará uso do que lhe passaram durante a sua vida. Ouvir algumas pessoas dizendo ou mesmo escrevendo o “nóis foi” ou o “nóis fica” não deve nos desagradar em absolutamente nada.
Da mesma maneira, os que residem em diferentes regiões deste imenso Brasil, aprendem conforme a sua cultura regional. Nada mais natural que se expressem com palavras que só são utilizadas em determinadas localidades. Não há erro nisso.
Entretanto, os jovens da atualidade, que fazem uso de uma linguagem muito diferente do que aprendem comumente nas escolas, (muitas particulares) estão – como diria um crítico de uma comunidade do orkut, “assassinando o português à tecladas”. Só que não é o português quem virá se defender de tal crime. Estes mesmos jovens certamente terão dificuldades e por si só poderão avaliar os benefícios e prejuízos causados por este costume. Respondendo à uma entrevista realizada pela revista Época, uma estudante universitária disse: “Gostaria de citar à época em que eu abreviava "que" por "q" na Internet, eu só fui mudar a minha postura em relação ao problema, a partir do momento que me dei conta de que os textos que eu escrevia para o jornal, eventualmente, continham "q" no lugar de "que".
Mas não é aí que está o maior problema. O que dizer dos que levantam a bandeira de que é preciso impor o recurso dos torpedos dos celulares, eficientes como recados rápidos, como língua única, capaz de atender a todos os altos objetivos de um sistema complexo como é o da língua portuguesa? Complicado.
Os professores também têm sentido dificuldades em sala de aula, por conta desse fenômeno: “Não há condições de tolerar o desrespeito ao idioma, principalmente dentro da sala de aula. Uma coisa é usar gírias e internetês na informalidade e com amigos. Outra é levar esses vícios para toda a comunicação", argumenta Elenice Rodrigues Lorenz, de Língua Portuguesa, Literatura e Produção Textual. Ela diz ainda que o problema está na carência do domínio da língua materna. "As pessoas não lêem, não procuram ampliar seu vocabulário, erram na regência e na concordância das frases e das palavras; têm dificuldade de conectar idéias e de interpretar textos". Para Elenice, portanto, a preocupação é "adotar" o internetês como único recurso escrito alternativo, exatamente por ser simplificado e pobre de regras gramaticais e lingüísticas.
E quando, entre os próprios jovens, surge uma crítica direcionada? Dionísio da Silva, escritor do observatório da imprensa, comenta sua satisfação ao conhecer um site criado por jovens inconformados com o internetês, o “Eu sei escrever”.http://euseiescrever.blogspot.com/criadores
Diz ele que “Era preciso avisar aos internautas, principalmente aos mais jovens, que o internetês tinha atravessado a perigosa linha vermelha que tudo desordena e vira de ponta-cabeça o que se quer: em vez de clareza, confusão; em vez de comunicação, a selva escura em que tantos já se perderam sob o disfarce da contestação por ela mesma”.
Meditemos.

terça-feira, março 18, 2008

A Páscoa por Luis Fernando Veríssimo

- Papai, o que é Páscoa?

- Ora, Páscoa é... bem... é uma festa religiosa!

- Igual ao Natal?

- É parecido. Só que no Natal comemora-se o nascimento de Jesus, e na Páscoa, se não me engano, comemora-se a sua ressurreição.

- Ressurreição?

- É, ressurreição. Marta, vem cá!

- Sim?

- Explica pra esse garoto o que é ressurreição pra eu poder ler o meu jornal.

- Bom meu filho, ressurreição é tornar a viver após ter morrido. Foi o que aconteceu com Jesus, três dias depois de ter sido crucificado. Ele ressuscitou e subiu aos céus. Entendeu?

- Mais ou menos... Mamãe, Jesus era um coelho?

- Que é isso menino? Não me fale uma bobagem dessas! Coelho! Jesus Cristo é o Papai do Céu! Nem parece que esse menino foi batizado! Jorge, esse menino não pode crescer desse jeito, sem ir numa missa pelo menos aos domingos. Até
parece que não lhe demos uma educação cristã! Já pensou se ele solta uma besteira dessas na escola? Deus me perdoe! Amanhã mesmo vou matricular esse moleque no catecismo!

- Mamãe, mas o Papai do Céu não é Deus?

- É filho, Jesus e Deus são a mesma coisa. Você vai estudar isso no catecismo. É a Trindade. Deus é Pai, Filho e Espírito Santo.

- O Espírito Santo também é Deus?

- É sim.

- E Minas Gerais?

- Sacrilégio!!!

- É por isso que a Ilha da Trindade fica perto do Espírito Santo?

- Não é o Estado do Espírito Santo que compõe a Trindade, meu filho, é o Espírito Santo de Deus. É um negócio meio complicado, nem a mamãe entende direito. Mas se você perguntar no catecismo a professora explica tudinho!

- Bom, se Jesus não é um coelho, quem é o coelho da Páscoa?

- Eu sei lá! É uma tradição. É igual a Papai Noel, só que ao invés de presente ele traz ovinhos.

- Coelho bota ovo?

- Chega! Deixa eu ir fazer o almoço que eu ganho mais!

- Papai, não era melhor que fosse galinha da Páscoa?

- Era... era melhor, sim... ou então urubu.

- Papai, Jesus nasceu no dia 25 de dezembro, né?

- É.

- Que dia que ele morreu?

- Isso eu sei: na Sexta-feira Santa.

- Que dia e que mês?

- (???) Sabe que eu nunca pensei nisso? Eu só aprendi que ele morreu na Sexta-feira Santa e ressuscitou três dias depois, no Sábado de Aleluia.

- Um dia depois!

- Não, três dias depois.

- Então morreu na quarta-feira.

- Não, morreu na Sexta-feira Santa... ou terá sido na Quarta-feira de Cinzas? Ah, garoto, vê se não me confunde! Morreu na sexta mesmo e ressuscitou no sábado, três dias depois! Como? Pergunte à sua professora de catecismo!

- Papai, por que amarraram um monte de bonecos de pano lá na rua?

- É que hoje é Sábado de Aleluia, e o pessoal vai fazer a malhação do Judas.

Judas foi o apóstolo que traiu Jesus.

- O Judas traiu Jesus no sábado?

- Claro que não! Se Jesus morreu na sexta!!!

- Então por que eles não malham o Judas no dia certo?

- Ui...

- Papai, qual era o sobrenome de Jesus?

- Cristo. Jesus Cristo.

- Só?

- Que eu saiba sim, por quê?

- Não sei não, mas tenho um palpite de que o nome dele era Jesus Cristo Coelho. Só assim esse neg ócio de coelho da Páscoa faz sentido, não acha?

- Ai Coitada!

- Coitada de quem?

- Da sua professora de catecismo!

(Luis Fernando Veríssimo)

domingo, março 16, 2008

FELIZ HOJE!

"Só existem dois dias em que nada pode ser feito: Um se chama ontem, o outro amanhã!"
Dalai Lama
FELIZ HOJE!

terça-feira, março 11, 2008

O TRABALHO DE CADA UM

No Ramayana, uma das grandes epopéias indianas, conta-se a história do príncipe Rama, um jovem cheio de virtudes. A esposa de Rama, Sita, fora seqüestrada pelo perverso Ravana. Ajudado por ursos e macacos, o valente Rama tentava construir uma ponte até à ilha de Lanka, onde viviam Ravana e a prisioneira Sita.
Os ursos carregavam pesadas árvores e os macacos traziam pedras. Mas, não havia trabalho para um grupo de esquilos. Pequeninos, sem muita habilidade, eles apenas conseguiam pôr alguns grãos de areia na ponte que se formava. Os esquilos faziam assim: molhavam-se na água e depois rolavam na areia. Os grãos de areia grudavam no pêlo e eles corriam até à ponte. Ali, sacudiam a areia sobre a construção.
Narra a história que os outros bichos riam dos esquilos e desprezavam suas tentativas de colaborar. E os esquilos se sentiam humilhados porque seus esforços não eram valorizados. Alguém resolveu contar a Rama o gesto dos esquilos. Esperava que Rama também risse dos bichinhos ingênuos. Venha vê-los, Rama, venha se divertir também com esses esquilos tolos!
Mas Rama observou os animaizinhos, que rolavam na areia, enquanto todos à sua volta haviam parado o trabalho para rir. Gentilmente, ergueu um deles do solo. Acariciou-lhe a pelagem e disse,com amor: Um dia, todos ouvirão falar sobre a ponte para Lanka. Louvarão o esforço dos ursos e dos macacos, mas eu sou grato a todos os que trabalham. E você, pequenino, tem minha eterna gratidão. E, diante de todos que olhavam a cena, o príncipe Rama deu um presente ao esquilo. Acariciou-lhe as costas e seus dedos ali deixaram três listras brancas. Esta, pequenino, é a marca de minha gratidão, disse Rama.
* * *
Todo o Ramayana é composto de histórias como esta, que trazem um profundo ensino moral. Esta nos faz refletir sobre gratidão, generosidade e, principalmente, a importância do trabalho. Por mais humilde e obscuro que seja, cada um de nós tem um papel muito importante no Mundo.
Aparentemente, outros são mais importantes, contribuem mais, têm tarefas maiores. Aparentemente.
Mas lembremos, por um momento, a falta que fazem porteiros, vigias, garis, faxineiras, empregados domésticos. Todos são muito importantes. São homens e mulheres que se esforçam para ganhar o pão de cada dia, tantas vezes regado com lágrimas que ninguém vê. Para Deus, todo esforço é válido, todo trabalho é digno, todo trabalhador merece recompensa.
A medida do Mundo não é a medida Divina. É que Deus, que conhece a nossa alma, sabe avaliar com exatidão o nosso esforço, capacidade e talentos. Ele sabe que o que é simples e fácil para um, pode exigir muito de outro. E Deus, que também vê no silêncio e na solidão, acolhe e ama cada trabalhador pequenino neste Mundo tão vasto.
* * *
Que cada um de nós possa ver os trabalhadores do Mundo sob a lente do imenso amor Divino.
Redação do Momento Espírita.Em 03.03.2008.

sexta-feira, março 07, 2008

A importância do diálogo

O ANJO DE KAREN

A adolescente aguardou o final da aula e se dirigiu ao professor. Confiava nele e, por isso, desejava lhe contar a tormenta que estava vivenciando.

Estava prestes a sair de casa, embora não soubesse para onde ir. Mas, não agüentava mais a situação.

Sua mãe se prostituíra e, todos os dias, homens diferentes adentravam o que deveria ser o seu lar.

Era uma vergonha! - dizia Karen. Tenho vergonha de minha mãe. Não nos falamos há muito.
O professor, experimentado nas questões do mundo, ouviu com atenção e sugeriu que ela conversasse com sua mãe.

Alguma vez perguntara a ela o que estava acontecendo? Por que se permitia tal comportamento?
Mãe e filha eram como duas estranhas vivendo sob o mesmo teto. Quando uma entrava, a outra saía.

O tempo passou. Aquele ano se findou e meses depois, a jovem procurou o professor, outra vez.
Estava diferente. O rosto irradiava felicidade. Ela falara com sua mãe. Um longo e doloroso diálogo.

Contudo, se dera conta que sua mãe sofria de uma grave carência afetiva.
A mãe falara de sua viuvez muito jovem, uma filha para criar, a rebeldia de Karen, a soma das dificuldades.

E, por fim, do equivocado caminho pelo qual optara.

Mais um tempo passado e Karen veio dizer ao professor que ela e sua mãe tinham transferido residência.

Que se haviam tornado amigas. Que agora costumavam fazer tudo juntas. Que a mãe deixara a vida equivocada e se dedicava, com exclusividade a ela.

Saíam, conversavam, faziam compras, trocavam idéias. Como era boa aquela mãe - descobrira a jovem.

Karen estava muito agradecida ao professor por ter sugerido que ela conversasse com sua mãe, que se aproximasse dela.

Hoje, passados alguns poucos anos, Karen está casada e tem um filhinho.

O genro encontrou na sogra uma pessoa especial, dedicada, carinhosa.

Agora, quando o casal deseja viajar, ou necessita estender-se em horas a mais no trabalho, é a mãe dedicada que fica com o netinho.

Vovó, mamãe! – essas são as palavras mágicas que alimentam o coração da mãe de Karen.

Em verdade, o anjo de Karen. O anjo de sua vida, que vela todos os dias por ela, pelo genro a quem acolheu como filho e ao netinho.
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O diálogo franco, honesto ainda faz muita falta. No lar, as pessoas se isolam, magoadas umas com as outras, por palavras ditas ou não ditas, por atitudes impensadas.

Tudo se tornaria bem mais fácil se as pessoas aprendessem a conversar, a perguntar porquês, a indagar de razões.

Se, em vez de se falar às ocultas, criar desconfianças, gerar desencontros, aprendêssemos sempre a conversar, olhando nos olhos uns dos outros, a vida se tornaria mais fácil de ser vivida.

Pois o que complica a vida é cada qual ficar em seu canto, imaginando que não é amado, querido, desejado.

Quando seria tão simples perguntar: Por que você está agindo desta forma?

Por que tomou aquela atitude? Por que não fez o que lhe pedi? Por que esqueceu do nosso aniversário?

Pense nisso e adote, em sua vida, a atitude de nunca deixar para depois o elucidar qualquer questão.

Converse mais, participe das questões familiares, seja amigo dos seus amores.

Descubra, enfim, a riqueza de cada um e enriqueça-se interiormente, tornando a sua vida plena de amor, de atitudes de afeto e bem-querer.

Experimente!

Redação do Momento Espírita com base em fato real
Do site: www.momento.com.br